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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O Sonho de Dom Manuel

IV Canto: Estrofe 74

«Eu sou o ilustre Ganges, que na terra
Celeste tenho o berço verdadeiro;
Estoutro é Indo, Rei, que nesta serra
Que vês, seu nascimento tem primeiro.
Custar-te-emos contudo dura guerra;
Mas, insistindo tu, por derradeiro,
Com não vistas vitórias, sem receio,
A quantas gentes vês, porás freio.»

IV Canto: Estrofe 76
Chama o Rei os senhores a conselho,
E propõe-lhe as figuras da visão;
As palavras lhe diz do santo velho,
Que a todos foram grande admiração.
Determinam o náutico aparelho,
Pera que, com sublime coração,
Vá a gente que mandar cortando os mares
A buscar novos climas, novos ares.




Análise:

As duas estrofes (acima referidas) descrevem 2 momentos subsequentes: no primeiro, o sonho do rei D. Manuel, no qual lhe apareceu o Rio Ganges para profetizar sobre Portugal, sendo que, mesmo depois de dar ao portugueses "dura guerra",este grande povo lusitano iria dominar novas terras ultramarinas: "Mas, insistindo tu, por derradeiro. / Com não vistas vitórias, sem receio. / A quantas gentes vês, porás freio."

Na segunda estrofe, a atitude imediata do rei, avisando os súbditos sobre os feitos gloriosos eles reservados, o que os anima e faz partir de Lisboa em direcção ao Oriente, ávidos dessa glória, como se pode ler em "Determinam o náutico aparelho./ Pera que, com sublime coração. / Vá a gente que mandar cortando mares / A buscar novos climas, novos ares."
Na perifrase "náutico aparelho"  cuja expressividade é a de realce do meuo por onde esse "aparelho" iria movimentar-se : o mar.

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